FERTILIDADE

Por Dra. Joyce Barreto da Silva

As taxas de fertilidade têm diminuído nas últimas décadas na maioria dos países. É interessante citar que a fertilidade humana não alcança 100% ao mês. A chance de se obter uma gravidez em um único ciclo é de aproximadamente 20%, sendo 57% após 3 meses, 72% após 6 meses e 80 a 85% após um ano, em um casal normal.

A idade da mulher é o principal fator que contribui para a redução da taxa de fecundidade, que começa a diminuir a partir dos 30 anos, com um declínio mais acentuado após os 35 anos, chegando a valores mínimos em torno dos 40 anos de idade.

A infertilidade é definida como a incapacidade de conseguir uma gestação após 1 ano de relações sexuais frequentes sem o uso de anticoncepcionais, para mulheres até 35 anos, e até seis meses para mulheres com mais de 35 anos. Ela tem sido reconhecida como um problema de saúde pública. A estimativa, no Brasil, é de que esse número seja de aproximadamente 278 mil casais. As mudanças dos hábitos de vida, da expectativa em relação ao tamanho das famílias e das aspirações profissionais, principalmente da população feminina, contribuem para aumentar as estatísticas do número de casais inférteis.

A investigação do casal inclui, no mínimo, a avaliação da qualidade do sêmen através do espermograma, da permeabilidade tubária através da histerossalpingografia, e da presença de ciclos ovulatórios e anatomia da pelve através de ultrassonografia transvaginal. Quando todos esses fatores estão normais, a infertilidade é classificada como “esterilidade sem causa aparente” (ESCA), responsável por 10% dos casos. As causas femininas são responsáveis por até 50% dos casos de infertilidade, sendo 35% por obstrução das trompas resultado de infecções pélvicas ou doenças sexualmente transmissíveis e 15% por ciclos não-ovulatórios que podem ocorrer devido à obesidade, síndrome dos ovários policísticos, alterações hormonais da tireóide, ou mesmo estresse excessivo e magreza acentuada. A endometriose está presente em 25-50% das mulheres inférteis e é responsável por causar alterações anatômicas na pelve resultado do processo inflamatório crônico prejudicando a qualidade do óvulo, além de alterar a receptividade do endométrio à implantação do embrião. O fator masculino é responsável por 35% dos casos, ficando 5% referentes à outras causas diversas.

Como 80 a 85% dos casais alcançam uma gravidez após 12 meses de tentativa, sem utilização de métodos contraceptivos, os outros 15 a 20% dos casais após esse período precisarão de uma assistência médica especializada.

Pacientes com dificuldades para ovular podem ser submetidas a esquemas de indução de ovulação com medicamentos capazes de desencadear o desenvolvimento de folículos nos ovários, e consequentemente, de óvulos. Esse tratamento deve ser acompanhado por ultrassonografia e orientado por um médico capacitado.

Quando a causa da infertilidade é somente relacionada à obstrução das trompas, pode estar indicada a inseminação intra-uterina. Nesse caso, a qualidade de sêmen deve ser favorável, e o interior da cavidade uterina deve estar normal. Suas taxas de sucesso giram em torno de 10-20%.

Nas técnicas de reprodução assistida, ou seja, fertilização in vitro (FIV) e injeção intra-citoplasmática de espermatozóides (ICSI), as chances de sucesso, de modo geral, giram em torno de 30% por tentativa. Existem diversos fatores que influenciam nas taxas de gravidez, como por exemplo: a idade da paciente, a causa da infertilidade, o tipo de protocolo medicamentoso utilizado, entre outros. Portanto, antes de podermos estimar as chances de uma FIV bem sucedida, precisamos considerar todos esses fatores. 

No caso de pacientes com câncer, deve-se sempre pensar na preservação da fertilidade, tanto para mulheres quanto para homens. É possível o início do tratamento de imediato, e o ideal é que ele seja iniciado antes da realização das primeiras doses de químio ou radioterapia. O tratamento completo para congelar óvulos ou embriões leva em torno de 15 dias. Estudos científicos publicados até o momento não mostram prejuízo na sobrevida em mulheres que optam em realizar a preservação de sua fertilidade antes do tratamento do câncer.

Há ainda a possibilidade do rastreio genético pré-implantacional (PGS) no embrião. Esse rastreio é realizado através da biópsia dos embriões seguida da análise do material genético obtido, antes da transferência dos mesmos para o útero. O PGS corresponde a um avanço indiscutível, pois permite a pesquisa de alterações genéticas no embrião.  Entretanto, essa técnica deve ser avaliada criteriosamente tanto pelo médico, quanto pelo casal de modo que seu benefício supere seu custo.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 8 a 15% dos casais têm ou terão problemas de fertilidade. Dessa forma, os casais que buscam a gravidez devem estar atentos ao momento de procurar um médico especialista que possa orientar o melhor tratamento e propiciar as melhores taxas de sucesso.

Fonte: saudepress.com

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